terça-feira, março 03, 2009

Mais outra coisa que dá muito trabalho

Isto de tirar fotografias dá mais trabalho do que parece. Tem que se andar feito parvo dum lado para outro, andar à espera de condições "ideais" e ângulos bonitos e nao sei que. O que a princípio não parece coisa muito estafante, mas é.
Ora, isto aqui ao lado foi uma foto que tirei para testar o raio da câmara enquanto me dirigia para o centro da cidade.
E porquê testar a câmara? Ouço uma vozinha lá atrás a perguntar.
Eu explico-vos porquê.
Porque as fotos que aqui estão foram tiradas num sábado e no dia anterior fiz o mesmo percurso e tirei mais ou menos as mesmas fotografias, mas quando ia no autocarro (a segunda foto é a paragem onde apanho o autocarro e, como se pode comprovar, fornece ampla protecção contra os elementos) resolvi apreciar as minhas belas obras de arte e fui confrontado com uma colecção de fotografias de neve desfocada.
O que me obrigou a voltar lá no dia seguinte para fazer tudo de novo e desta vez confirmando todas as fotos no local antes de avançar para a próxima foto.
Pelos vistos as máquinas digitais precisam de algum tempo entre o carregar no raio do botão e o tirar de facto a fotografia, qualquer coisa a ver com a focagem da cena e não sei que mais. Coisas que se calhar são do conhecimento geral, mas que escapam aqui ao zezinho, visto que tenho quase tanta prática com fotografia (de ambos os lados da objectiva) como a fazer malabarismo com moto-serras enquanto ando de uniciclo.

Adiante, isto aqui é o Koskikeskus, uma espécie de mini-Colombo cá do sítio e, apesar de não parecer, é maior do que parece (a foto não ajuda). E lá dentro está basicamente o que se espera dum centro comercial mas com um toque finlandês é claro, lojas de roupa, lojas da treta, Hesburger (cadeia de hamburgers finlandesa que vende tanto como a macdonalds por aqui, e sim lê-se basicamente Assburger. O que se calhar é também fonte do seu sucesso) entre outros.

Parece que gostam muito de letras para nomes de lojas, K-Market, S-Market, R Kioski, ABC! são apenas alguns dos exemplos. Como não podia deixar de ser, e para emular em tudo a capital portuguesa, ao lado do Colombo está a catedral. Pronto, é mais uma igreja que catedral, mas vai dar ao mesmo. No início da ronda de fotografias pensei: "Ainda bem que passei por aqui, que isto vai dar uma foto bem distinta" até chegar a meio do passeio e encontrar uma igreja exactamente igual.

No entanto até admito que a possibilidade de ter sido a mesma igreja vista de outro ângulo está lá bem presente, apesar de normalmente até ter um sentido de orientação decente. E como se vê, está ali uma grua, que tipo de pessoas é que trabalham nas obras com temperaturas negativas e montes de neve? Não sei, só reparei na grua quando cheguei a casa e revi as fotografias e não tive pachorra para ir lá inspeccionar.

A seguir à igreja vem uma fotografia do centro da cidade, que não parece grande coisa porque estou do lado mais afastado e com árvores no caminho (parece que o meu estilo fotográfico é o de piorar a qualidade dos locais capturados com a máquina).
Isto aqui ao lado é a biblioteca, que a mim se parece mais com uma jaula dos macacos do Zoo de Lisboa. Em frente está uma fonte com o característico ovo Kinder de vidro que os tipos colocam em coisas do género para não serem danificadas pela neve e gelo durante o inverno e são removidas quando o tempo está mais quente. Seja lá quando isso for.

De seguida, a câmara municipal ou isso, também com o seu ovo Kinder. Por acaso foi um bom dia para tirar a foto porque estava com a bandeira e tudo, o que é costume por estas bandas em todos os feriados ou dias "especiais". Nós é que somos espertos, colocamos a bandeira no início de cada Campeonato Europeu/Mundial de futebol e deixamos lá estar até se desintegrar, poupa muito trabalho.

E aqui está o edifício da Finlayson, onde trabalho, era uma fábrica de qualquer coisa que já me esqueci, foi o primeiro edifício da europa do norte a ter luz eléctrica e entretanto teve o interior remodelado e agora é local de escritórios. Saber que o prédio onde se labuta (que palavra tão interessante) é mais velho có cagar nunca inspira muita confiança, mas ao menos parece sólido.

E isto é o mesmo edifício visto de outro ângulo, está mesmo ao lado do lago qualquer coisa, que mais parece um rio. A Finlândia é básicamente água e árvores, tem tanto lago que não sei como é que tiveram paciência para lhes dar nome a todos. Eu cá por mim fazia como os astrónomos.
"Epah está a ver aquele prédio ali? Vira à esquerda e é só seguir em frente até ver o Lago #371627a, não há maneira de falhar."

E mais água. Estão ali uma série de estátuas naquela ponte, mas já lá volto daqui a bocado. Nesta altura começou a nevar um pouco, o que é engraçado e tal, até se dar conta que andar por aí a levar com flocos nos olhos não é muito agradável. E como não se está habituado à coisa, está-se ali à espera do autocarro um bocado e quando ele chega já nós temos umas 500g de neve na tola.

E lá fui eu, andar à volta do lago e a tirar fotos dum lado e doutro. Como se pode verificar, chaminés são quase tão comuns na paisagem de Tampere como árvores, o que até consegue ser útil, se conseguir-mos reconhecer a "nossa" chaminé é difícil perder-mo-nos. O que não se pode dizer de quando se anda de autocarro do centro para onde estou, neve e árvores em todo o lado e então se for de noite é quase como jogar roleta-russa para ver se acertamos na nossa paragem.

Captei um pouco da fauna local sem reparar, há por aqui uns quantos patos no lago, bastantes pombos, inúmeros gangs de corvos com o seu som característico e alguns esquilos aqui e ali.
Também andam por aí veados e renas a atrapalhar o transito mais lá para os lados rurais (o que pra mim é o país inteiro) e parece que há um urso ou dois no norte, os quais espero não encontrar.

Ali a torre que parece emprestada de seattle é um restaurante finório que faz parte das atracções do parque de diversões. Muitas formas variadas de ir ao grego numa série de montanhas-russas, paga-se bilhete para entrar e depois pode-se ir as vezes que se quiser às diversões, o que até parece boa ideia... tirando a parte do grego.
De qualquer das formas durante o inverno está fechado, por isso logo descubro se é interessante daqui a uns meses.

E agora voltando às tais estátuas na ponte, já da outra vez que cá vim de "férias" passei por elas e desde então que fiquei convencido que esta aqui era a de um homem com um macaco às costas. A partir daí sempre que passava por ela via um macaco, até ir lá tirar esta foto. Poucos segundos depois de carregar no botão reparei que afinal o que julgava ser a parte inferior do macaco era o braço esquerdo do tipo e o animal não passava duma lebre ou o raio que o parta.
E eu a pensar que estava num país que sentia orgulho suficiente num tipo com um macaco às costas para lhe fazer uma estátua... grande desilusão.

Jesus Christ Super Sem Chumbo! Que texto tão grande, mais um pouco e escrevia os Lusíadas.