segunda-feira, junho 19, 2006

Menina estás à janela

No outro dia ia jurar que tinha visto (ou se calhar foi dos comprimidos que precisam de receita médica, coisa que eu não tenho, que ando a tomar faz dois meses) um anúncio a uma nova telenovela da TVI onde um dos personagens está nos atentados de 11 de setembro nos EUA. E usam mesmo imagens reais dos ataques na novela.
Ora, acho isto de extremo bom gosto, aliás, meti-me a pensar e tenho pena de não trabalhar como argumentista pois lembrei-me de uma ideia que vou tentar vender à estação televisiva.
Já se sabe que para ser uma novela TVI o título tem de ser o de uma música ranhosa, por isso, a minha novela vai-se chamar "Menina estás à janela". A acção passa-se em 1942 no campo de concentração de Auschwitz e vamos poder acompanhar todas as peripécias e situações bem humoradas dos protagonistas Zé Tó e Tó Zé, gémeos idênticos de origem alentejana que dão por si enclausurados pelos nazis. Torturas, câmaras de gás, desmembramentos, toda uma panóplia de situações hilariantes que vamos poder presenciar nesta divertida novela da hora do jantar.
A ver se encontro nalgum arquivo televisivo umas imagens duma miúda júdia qualquer a olhar pela janela duma sala de tortura antes de ser morta para usar no genérico.

quinta-feira, junho 08, 2006

Profissão de sonho: Cangalheiro

Exactamente, os cangalheiros é que têm ali um belo tacho, vejamos as vantagens.
  • Nunca há desemprego no sector, porque há sempre tansos a morrer.
  • Exercício físico a abrir as covas.
  • Os clientes não mandam vir nem reclamam.
  • Se fizermos asneira, como pôr os mortos na campa errada ou arrancarmos um braço ao cliente, ninguém sabe.
E onde é que eu tiro o curso profissional de cangalheiro, perguntam-me vocês? Isso é o pior, só entram para uma posição destas num cemitério se tiverem alguma cunha (ou um acidente rodoviário).

quarta-feira, junho 07, 2006

A arte de fingir interesse

Se há coisa de que me orgulho de fazer bem, é de ser um mestre em fingir-me interessado nas conversas com que nem o Papa se rala. Por isso decidi dar aqui umas dicas para todos aqueles que ainda não aperfeiçoaram esta actividade, muito útil no local de trabalho, aulas ou mesmo entre amigos.
Obviamente, dependendo do teor da conversa, reage-se de forma diferente. Se a pessoa está a contar algo que é suposto ter piada, nunca é cedo para começar a guardar potência na gargalhada. Enquanto ela está a falar é imperativo que nós, o fingidor profissional, comecemos a pensar em coisas que não têm absolutamente nada a ver com a conversa. Aquele programa na TV que a achámos muita piada, aquela situação estúpida, etc.
Também ajuda pensar:
"Este(a) tipo(a) não faz a mínima ideia de que me estou a cagar para o que está a dizer."
Se, por outro lado, a conversa for alguma desgraça que aconteceu ao primo do tio do avô da vizinha do terceiro esquerdo do prédio do amigo, temos de tomar outras medidas. Não pensem em nada que possa causar riso, pensem antes em coisas do género:
"F*da-se, mas quando é que este(a) se cala? Nunca mais chego a casa". Trânsito, ordenado, arroz de pato, ajuda tudo a ficar deprimido. É também muito importante franzir os olhos e fazer o comentário "Xi!" e "Eh!" ocasionalmente para parecermos realmente interessados.
Seja qual for o conteúdo da conversa é crucial memorizar alguns nomes ou datas e usá-los em mini-frases para dar ainda mais veracidade à coisa. Exemplo:
Pessoa Chata: "... e depois o primo do Tiago, o João, foi ao..."
Interrompe-se a conversa com:
Fingidor: "O João é o primo do Tiago?"

Um aspecto que ajuda à concentração é o de pensar no que se tem de fazer mais logo / amanhã / esta semana, enquanto a pessoa fala.
E pronto, depois do chato se ir embora, basta apagar qualquer vestígio do que ele disse da nossa memória e estamos prontos para outra.
Espero que estas dicas básicas vos ajudem no dia-a-dia.

P.S. Odeio arroz de pato.